Esta ligação deverá ser estimulada através da educação cívica, para que os jovens possam adquirir conhecimentos sobre o sistema político, os seus direitos e de que forma se podem envolver. Mas, também, da Educação Ambiental, para o reconhecimento do papel crucial dos mesmos na ação ambiental, com o intuito de promover a compreensão dos desafios que o mundo enfrenta e de ajudar os jovens a adquirirem os conhecimentos, as aptidões e as competências necessárias para viverem com melhor qualidade de vida e contribuírem para a formulação e implementação de políticas que visem uma sociedade ambientalmente mais responsável e socialmente justa, no presente e no futuro.
Na perspetiva do envolvimento com as temáticas políticas, cívicas e ambientais, o voluntariado jovem surge como um instrumento extremamente útil como forma de preparação dos cidadãos mais novos para o futuro, oferecendo-lhes oportunidades práticas de aplicarem os conhecimentos adquiridos, promovendo um ambiente mais participativo.
Este tipo de iniciativa desempenha um papel crucial na formação de cidadãos conscientes e comprometidos com o bem-estar da comunidade e do ambiente. Ao participarem em atividades de voluntariado, os jovens tornam-se protagonistas das transformações sociais da sua comunidade, ganham uma perspetiva prática sobre como o sistema político funciona e como eles próprios podem contribuir para o processo democrático, e abraçam de forma mais profunda as questões ligadas à responsabilidade ambiental, levando ao desenvolvimento da sua consciência cívica e ambiental.
Ao compreenderem o impacto de suas ações na comunidade onde estão inseridos, a nível local, nacional ou europeu, os jovens tornam-se eles próprios defensores da importância da participação dos seus pares na política e da sua responsabilidade cívica, assim como da relevância da sua contribuição para o bem comum.
Para além disso, o voluntariado destaca-se como uma excelente oportunidade para os jovens desenvolverem habilidades de liderança e de tomada de decisão, preparando-os para papéis importantes na vida cívica e política, tanto no presente como no futuro.
Os inputs dos jovens para assegurar um futuro ajustado às realidades e contextos das gerações futuras
Para assegurar um futuro ajustado à realidade, é crucial envolver os jovens em diferentes áreas da sociedade.
As políticas criadas hoje para serem implementadas a médio longo prazo estão a ser desenvolvidas por gerações com competências por vezes desatualizadas, o que consequentemente irá criar políticas e soluções desajustadas às necessidades futuras da sociedade.
Ao mesmo tempo que pensamos estar a criar soluções para o futuro, ao fazê-lo sem o input dos jovens, estamos a caminhar para um mundo com processos, metodologias e soluções onde os mesmos não se revém nem agora nem no futuro, afastando-os sistematicamente da construção das soluções para os desafios que enfrentam.
Esta geração têm um papel extremamente relevante no caminho para o futuro ambientalmente responsável e socialmente justo. Os seus conhecimentos, características, perspetivas e criatividade são recursos valiosos no processo democrático. Com isto em mente percebemos que o diálogo intergeracional, aliando a experiência das várias gerações da sociedade, é essencial para construir um futuro com soluções personalizadas, realistas e aplicáveis a longo prazo.
A abordagem fresca e inovadora dos jovens para os desafios atuais, aliada com a experiência de outras gerações, permite encontrar soluções criativas e disruptivas para problemáticas atuais e futuras, às quais ainda não foram encontradas soluções.
A perspetiva inovadora dos jovens é muitas vezes moldada pelas tecnologias emergentes, pelas mudanças sociais e pelas dinâmicas culturais contemporâneas. Ao crescerem na era da informação, esta geração tem acesso a uma quantidade extraordinária de conhecimento, o que contribui para uma compreensão única do mundo.
A ausência de preconceitos ou predefinições enraizadas nas gerações mais velhas pode ser uma alavanca positiva, permitindo uma abertura a novas ideias e uma disposição para questionar as políticas atuais. Os seus inputs podem ser uma fonte valiosa de criatividade e soluções frescas para os desafios contemporâneos. A sua capacidade de pensar fora da caixa e de adotar abordagens não convencionais pode levar a avanços significativos em diversas áreas.
No entanto, a sua falta de experiência com o passado pode, em alguns casos, limitar a compreensão mais profunda de certos contextos históricos e culturais, e das políticas nacionais e europeias. Assim, é fundamental promover um diálogo intergeracional saudável, onde a troca de ideias entre os mais jovens e os mais velhos seja estimulada. Desta forma, é possível combinar a inovação e a energia dos jovens com a sabedoria e a experiência das gerações mais antigas, criando um ambiente equilibrado e enriquecedor para todos, construindo um caminho evolutivo.
Ser voluntário: o impacto pessoal e social
Decidir ser voluntário é uma manifestação de entrega e participação social, mas também de enriquecimento e crescimento pessoal. Ser parte de comunidade é muito mais do fazer parte dela, é contribuir para que se torne mais resiliente e transformadora do bem comum.
Quer a nível nacional quer europeu, existem inúmeras oportunidades de voluntariado, no entanto, escolher a que projetos e causas cada um de nós se quer associar nem sempre é uma tarefa fácil. Por isso, em primeiro lugar, é importante perceber quais os objetivos e expetativas que têm com esta mobilização. Depois, perceber a disponibilidade efetiva, que tipo de trabalho gostariam de fazer e que competências têm para oferecer.
Face a tanta oferta, é ainda importante conhecer as instituições que vamos apoiar e perceber se são fidedignas e credíveis.
Só com um esforço coletivo e integrado evoluiremos enquanto sociedade e os jovens serão, sem dúvidas, peças fundamentais nesta evolução.
Documentos de apoio:
- World Youth Report (2020)
- Relatório Síntese “A Participação Cívica dos jovens em Portugal” Fundação Gulbenkian
- European Parliament Youth Survey
- Conclusões aprovadas no Conselho (Educação, Juventude, Cultura e Desporto) e dos representantes dos Governos dos Estados-Membros, reunidos sobre a dimensão social de uma Europa sustentável para a juventude na sua reunião de 15-16 de maio de 2023.
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