“Portugal é o país onde mais se sente o impacto das alterações climática” salientou José Carlos Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, numa conferência em Macau, referindo-se aos países europeus.
Portugal é um dos países europeus mais afetados por eventos climáticos, em termos de mortes prematuras e perdas económicas, segundo a Agência Europeia do Ambiente.
Segundo um relatório lançado pela Agência, os eventos climáticos extremos, fenómenos que se prevê que aumentem nos próximos anos por consequência das alterações climáticas, custaram 142 mil vidas e quase 510 mil milhões de euros na Europa nos últimos 40 anos.
Estes fenómenos extremos incluem eventos meteorológicos, como tempestades, eventos hidrológicos, como inundações, ou eventos climatológicos, como ondas de calor, ondas de frio e secas. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, os fenómenos extremos do clima somam 142 mil mortes na Europa entre 1980 e 2020, sendo que a maioria das mortes, ou seja, mais de 85%, foram consequência das ondas de calor.
Numa lista de 32 países europeus analisados, Portugal ocupa o quinto lugar em termos de mortes prematuras com 9267 perdas humanas nas últimas quatro décadas.
Em termos económicos, nos últimos quarenta anos, o país enfrentou um custo de 13.461 mil milhões de euros devido a eventos climáticos extremos, o que coloca Portugal como o sétimo país com maiores perdas económicas. Desse montante, 478 milhões de euros representam perdas cobertas por seguros, situando o país em 16.º lugar nesse indicador.
No registo internacional de desastres The Emergency Events Database (EM-DAT), entre o período de 1950 a 2022, foram registados 462 episódios de cheias e deslizamentos de terras nos países-membros da União Europeia, sendo que França teve 70, Itália teve 67, e Roménia contou com 53, foram os países mais afetados. Portugal, no mesmo período, contou com 16 cheias, contabilizando com as inundações de dezembro de 2022, o que equivale a 3,5% do total europeu.
Ainda neste período, estão identificados 59 desastres naturais ou fenómenos extremos referentes a Portugal, nomeadamente cheias e deslizamento de terras, grandes incêndios florestais, tempestades, temperaturas extremas, sismos e seca extrema.
De acordo com o relatório “Forest Fires in Europe, Middle East and North Africa 2022”, publicado pelo Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, apesar de 96% dos incêndios florestais serem causados pelas ações humanas, os mesmos são agravados pelo aumento das condições de perigo provocadas pelas alterações climáticas.
Em novembro de 2023, os dados relativos até esta data, os incêndios florestais queimaram cerca de 500 000 hectares de terras naturais na União Europeia, incluindo o maior incêndio florestal registado na União Europeia, em Alexandroupolis, Grécia, com mais de 96 000 hectares ardidos.
Neste ano assistimos a incêndios florestais desenfreados, difíceis de conter pelo combate tradicional devido às suas altas temperaturas, intensidade e velocidade. Os mesmos foram controlados apenas quando as condições meteorológicas melhoraram, permitindo que os bombeiros combatessem as chamas. Outros dos incêndios florestais mais críticos na UE aconteceram na Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Grécia.
La Agencia Europea de Medio Ambiente (AEMA) revela que, en 2022, Portugal fue el segundo país europeo más afectado por este fenómeno. En total, se registraron 153 incendios que afectaron a una superficie de 949 km2. España también encabeza la lista, habiendo registrado una superficie quemada de 2.754 km2, con 208 incendios de 30 hectáreas o más, y Francia ocupa el tercer lugar, con 74 incendios forestales que destruyeron una superficie de 465 km2.
A ex-comissária responsável pela Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Iliana Ivanova, antiga responsável pelo CCI, alertou para o crescimento destes fenómenos em 2023, salientando a preocupação e os esforços que a Comissão Europeia está a realizar para mitigar os impactos dos mesmos, referindo que “os incêndios florestais estão a tornar-se cada vez mais frequentes e causam mais danos. Este é um sinal claro dos impactos catastróficos das alterações climáticas. Estamos a reforçar as nossas medidas de prevenção e a desenvolver capacidades para responder aos incêndios florestais. Os dados e análises do Centro Comum de Investigação são cruciais neste esforço”.
Entre as medidas trabalhadas pela União Europeia para atenuar o impacto dos incêndios florestais encontramos a Estratégia da UE para a Adaptação às Alterações Climáticas, que visa apoiar a prevenção e a preparação para os impactos inevitáveis das alterações climáticas, estabelecendo as bases para uma maior prevenção de incêndios e resiliência climática das nossas florestas, com base nas orientações para a prevenção de incêndios florestais e aumento da monitorização.
Em conclusão, os dados apresentados evidenciam a significativa vulnerabilidade de Portugal aos eventos climáticos extremos, provocados pelas alterações climáticas, que estão a aumentar ao nível de frequência e intensidade, que têm causado não apenas perdas económicas substanciais, mas também um impacto significativo na saúde e na segurança da população.
A necessidade de uma abordagem colaborativa para enfrentar estes desafios é evidente, envolvendo não apenas esforços nacionais, mas também cooperação internacional, existindo uma urgência em fortalecer medidas de prevenção, desenvolver capacidades de resposta e promover a resiliência climática, com o intuito de proteger vidas, mitigar danos económicos e preservar o ambiente para as gerações futuras.
VÍDEOS
- IPCC Special Report on Global Warming of 1.5 ºC – https://www.youtube.com/watch?v=rVjp3TO_juI
- AR6 Synthesis Report: Climate Change 2023 – https://www.youtube.com/watch?v=YIFCSZYU2LM
- Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change – Full video – https://www.youtube.com/watch?v=7yHcXQoR1zA
- Climate Change 2022: Impacts, Adaptation & Vulnerability – Full video – https://www.youtube.com/watch?v=SDRxfuEvqGg
- Causes and Consequences of Climate Change- https://www.youtube.com/watch?v=oyiNyWQeysI
LINKS
- Agência Europeia do Ambiente – https://www.eea.europa.eu/pt/highlights/as-mortes-prematuras-devido-a
- Copernicus – https://climate.copernicus.eu/global-climate-highlights-2023
- Comissão Europeia- https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/IP_23_5951
- Comissão Europeia – https://climate.ec.europa.eu/climate-change/consequences-climate-change_pt
- Essência do Ambiente – https://essenciadoambiente.pt/a-poluicao-e-o-cancro-da-mama-ligacoes-perigosas/
- Essência do Ambiente – https://essenciadoambiente.pt/revive-impacto-ambiente-saude-populacao/
- Expresso – https://multimedia.expresso.pt/059_cheias_fenomenos_extremos/
- Expresso – https://expresso.pt/sociedade/incendios/2023-08-18-Quase-metade-dos-incendios-florestais-deste-ano-tiveram-origem-em-queimadas-6d7e505c
- Nações Unidas – https://news.un.org/pt/story/2022/02/1781142
- RTP – https://ensina.rtp.pt/explicador/alteracoes-climaticas/
- Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) – https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/
- Portal Europeu da Juventude – https://youth.europa.eu/get-involved/sustainable-development/what-climate-change_pt
- SIC – https://sicnoticias.pt/mundo/2024-01-09-2023-e-o-ano-mais-quente-de-sempre-com-temperatura-global-proxima-do-limite-de-15C-1e192515
- The Emergency Events Database (EM-DAT) – https://www.emdat.be/